quarta-feira, 24 de abril de 2013

O sindicalismo e as primeiras organizações operárias


O sindicalismo e as primeiras organizações operárias

A união faz a forca.

O sindicalismo foi um movimento operário. Consistiu na criação de associações de trabalhadores para a defesa dos seus interesses profissionais. Os operários contribuíam com as necessárias quotas e os sindicatos propunham-se lutar pela melhoria dos salários e das condições de trabalho, recorrendo à greve como forma de pressionar a entidade patronal.

As primeiras formas sindicais apareceram na Inglaterra, nos finais do século XVIII, cerca de 1789, sob forma das Trade Unions, que eram associações de trabalhadores da indústria que tinham por objectivo lutar pela contratação de melhores salários e melhores condições de trabalho.

Acompanhando a evolução da industrialização, o movimento sindicalista foi abrangendo outros países de forma não sistemática mas contínua. Surgiu, 1848, na Alemanha, com o nome de Mutualista, em 1860, na França, em 1863, nos EUA, com a designação de “A Fraternidade dos Mecânicos e Locomotivas de Detroit”.

Nos anos 70 do século XIX atingiu a Espanha e a Rússia e em 1898 atingiu o Japão. Até 1914, existiam no mundo ocidental milhares de sindicatos. Apesar desta expansão os sindicatos ostentaram, até inicio do século XX, uma enorme fragilidade no que diz respeito ao seu poder reivindicação e organização.


Desta internacionalização, resultou a Associação Internacional dos trabalhadores (AIT). Formada em Londres, em 1864,ficou conhecida como 1ª Internacional ou Internacional operária. A criação desta organização deveu-se ao grande apoio de Karl Marx e Friedrich Engels. A 1ªInternacional era composta por associações de vários países, e estava estabelecido congressos anuais, que se realizariam em varia capitais europeias.

Por falta de entendimento, verificou-se a dissolução da 1ª Internacional em 1876, devido à oposição de proudhonianos e dos anarquistas liderados pelo russo Bakunini. Este chamou a Marx de “comunista autoritário e centralista”, criticado o seu princípio de ditadura do proletariado.

Em 1879, é criada a 2ª Internacional em Paris, liderada por Engels, uma vez que Marx tinha falecido.

Questionário

1.      O que foi o sindicalismo?
2.      Quais eram os seus objectivos?
3.      Fale do papel de Marx e Engels, na formação do sindicalismo.
4.      Quando foi fundada a 1ª Internacional?
5.      Quem compunha a 1ª Internacional?
6.      Fale sobre os sindicatos existentes em Moçambique, não esqueça de indicar os seus objectivos.

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A Comuna de Paris

A comuna de Paris foi uma insurreição levada a cabo pelos trabalhadores, em França, em Março de 1871, devido as más condições de vida e de trabalho que eram impostas aos trabalhadores após a Revolução Industrial.

Esta insurreição teve como antecedentes as condições de vida e de trabalho dos operários.
A acrescentar estes antecedentes, destacam-se os factores externos e internos que levaram ao surgimento da Comuna de Paris com uma das primeiras lutas e vitória do movimento operário francês sobre a burguesia industrial.

Teve como causas crises no âmbito social, político e económico. A crise politica foi a considerada a que mais teria contribuído para o surgimento da Comuna de paris; com efeito, o imperador Napoleão III, desde 185i, envolvera o país em várias guerras com outros países, como por exemplo, a guerra Franco- Russa de 1854-56 e outras guerras.

Foi dentro deste clima de instabilidade social, económica e politica, criada pelo governo de Thier, que surgiu em França um grande descontentamento que culminou com uma anarquia geral e revoltas, o que obrigou o governo a pedir apoio a outros países.

A comuna de Paris foi a primeira revolução proletária, o primeiro Estado da classe operária e a primeira forma de poder popular no Mundo.

Apesar da comuna ter durado só dois meses (72 dias), tomou-se várias medidas reivindicativas em beneficio do povo.

Esta comuna fracassou, sendo uma das causas desse fracasso, o não desarmamento das forças governamentais, o que permitiu a sua reorganização.

Medidas tomadas pela comuna de Paris

·         O estabelecimento do serviço militar obrigatório;
·         Criação do conselho da Comuna- um parlamento com poder legislativo, executivo e judicial;
·         A penalização das sabotagens à economia nacional;
·         A proclamação da autonomia municipal e a sua extensão a todas as cidades francesas;
·         A amnistia aos presos políticos;
·         A separação da Igreja do Estado;
·         O envio de estudantes, jornalistas e operários qualificados para dirigir e reorganizar os ministérios e as empresas
·         Melhoria do salário dos trabalhadores;
·         A promoção da igualdade civil entre homens e mulheres;
·         A eleição pelo povo dos funcionários para cargos importantes no Estado.

Razões que levaram ao fracasso da Comuna

·         Falta de experiencia e subestimação da luta de classes,
·         Falta de definição clara do poder pretendido pelo proletariado.
·         Falta de bum plano director e de uma uniformidade na resolução dos problemas;
·         Falta de uma aliança sólida com os camponeses, que também eram vitimas da exploração burguesa;
·         O facto de alguns membros da comuna terem permitido que o governo de Thiers e as suas tropas  se refugiassem em Versalhes e se reorganizassem;
·         A não nacionalização dos sectores-chave da economia nacional, como foi o caso do banco da França, o que permitiu que a burguesia reaccionária conseguisse movimentar dinheiro e financiar a contra revolução.

Questionário

1.      Existem vários antecedentes que culmiaram no decurso da Comuna de Paris. Destes, explica aquele que consideras ser a causa principal da Comuna.
2.      Indique as características da Comuna.
3.      Diga qual é o significado da Comuna de Paris.
4.      Explique as razões que levaram ao fracasso da Comuna de Paris.

Autor/ Escritor/poeta/ emissor


Emissor

 A comunicação literária, segundo Aguiar e Silva (1984), é uma comunicação do tipo disjuntivo, isto é, ocorre in absenti, de uma das instâncias designadas por emissor e por receptor e com um lapso temporal de maior ou menor amplitude entre o momento de emissão e o momento de recepção.
A comunicação literária é destituída de um contexto de situação idêntico ao contexto de situação de comunicação linguística, uma vez que este não é bidireccional, ou seja não há reversibilidade das funções de emissor e do receptor, esta é unidireccional.
Analisando a figura de emissor, Aguiar e Silva (1984), afirma que o emissor é a instância que produz a mensagem, e pode também ser designada por fonte. E no contexto da comunicação literária, são atribuídas ao emissor as designações genéricas de autor, escritor e poeta.
Etimológica e semanticamente, poeta é aquele que faz, aquele que produz e executa. Autor é aquele que esta na origem de algo, aquele que faz produzir e crescer e que é também, em conformidade como uso jurídico do vocábulo, o garante. Escritor é aquele que utilizando um código grafémico, transmite determinados sinais através de determinado canal produzindo mensagens com determinadas características sintácticas, semânticas e pragmáticas.
O emissor/autor de um texto literário é a instância imediatamente responsável pela produção desse texto, e é sempre um sujeito empírico e histórico, ou seja, é uma entidade física, registada e identificada o qual podemos contacta-lo e trocar impressões. Contudo, por vezes os textos literários podem se apresentar como anónimos, apresentando-se sem nome, sem autor, isto é devido a censura ou imposição extrema, como se verificou em certos momentos da história da humanidade. Existem outras formas de se apresentar o emissor nos textos literários, por exemplos, alguns usam o pseudónimo, onde o autor assina o texto usando um nome fictício, usa um outro nome que não seja realmente seu. Por exemplo no contexto da literatura moçambicana temos o escritor Ungulane Ba Ka Khosa, cujo seu nome de identificação é Francisco Esaú Cossa, mas assina os seus textos usando o primeiro nome acima citado. Outros autores usam os heterónimos, isto é, criam um autor dotado de personalidade própria, que torna-se responsável pela produção do texto, um dos exemplos mais significativos do uso desta técnica é o poeta português Fernando Pessoa, cujos seus textos eram assinados usando vários heterónimos, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
Aguiar e Silva apresenta-nos algumas possibilidades das quais os emissores podem usar para assinar os seus textos. Os textos podem ser anónimos, podem ser assinados usando o pseudónimo ou heterónimo. E explica as razões de um texto ser apresentado com um autor anónimo, contudo, não explica quais as razões que levam um autor a assinar usando heterónimos.

Criação ou produção literária.

  Neste capitulo Aguiar e Silva procura explicar qual deve ser o conceito a usar no âmbito da comunicação literária, uma vez que existe uma problemática no concernente ao uso do termo, isto é, qual é o termo que se enquadra no âmbito da actividade do emissor. Pode-se chamar criação ou produção?
Mas antes, explica que até meados do século XVIII, a poesia e a poética estava ligada ao princípio aristotélico de mimese, representação, imitação. E com o movimento renascentista, surge a chamada teoria de génio, aquele que cria que faz as coisas aparecerem do nada, a epifania. O que se contrapõem a produção, uma vez que produção implica trabalho, investigação, observação, etc.
E para tal recorre a pontos de vista adoptado por alguns autores, por exemplo, cita Macherey, que defende que o conceito de criação, implica o mistério, a epifania, o dom inexplicável e, por outro lado elimina, ou oculta o trabalho real que esta na origem da obra literária. E Benjamim, que sustenta que a arte se encontra dependente de certa técnicas de produção que por sua vez, se integra num conjunto de relações sociais instituídas entre o produtor artístico e o seu público. E é neste contexto que o termo criação vai sendo desvalorizado, uma vez que exclui de certa forma o trabalho, ao olhar o escritor, poeta, autor como um indivíduo dotado de ”poderes mágicos “.
O texto literário é resultado de trabalho, que é uma actividade ou pratica social, desenvolvida pelos homens em sociedade, e trabalho pressupõe produção de algo.
Mas os formalistas russos, preferiram usar o termo ou conceito construção, uma vez que o autor tem a sua disposição, material literário, ao qual impõe um princípio construtor, isto é, uma determinada intenção artística, de modo que a obra literária se configura como uma complexa interacção de numerosos factores. Os formalistas centram de certa forma para o conceito intertextualidade, uma vez que os textos mantém uma relação directa com outros textos da sua época, autores, e de outras regiões, etc.


Autor empírico, autor textual, narrador

Autor é o primeiro agente e o primordial responsável da enunciação literária, Aguiar e Silva entende enunciação literária como a operação individual através da qual o autor se apropriação apenas da língua literária.
Nos textos literários podemos identificar o autor empírico, autor textual e o narrador.
O autor empírico é a pessoa real, o ser de carne e osso integrado dentro de uma sociedade e identificável, aquele que existe no mundo natural, cujo nome civil figura, regra geral na capa das suas obras, enquanto, o autor textual é aquele que é criado pelo autor empírico, segundo Aguiar e Silva, o autor textual é uma espécie de “segundo eu” que é inseparável à totalidade de uma obra, e cuja imagem o leitor construirá como uma imagem ficcional. Resumindo, o autor empírico possui existência jurídica, ‘e um ser biológico e social enquanto o autor textual é uma entidade ficcional que tem o papel de enunciador do texto, é uma entidade que existe efectivamente no texto literário. O autor textual pode criar um ou mais narradores, que irão assumir a função de entidade enunciadora do discurso.

O emissor e a poética formalista

A teoria formalista tende a abolir o pólo da comunicação literária constituído pelo emissor. E liga o autor à obra, olhando-se o autor como uma máscara e uma ficção criada na obra e, em geral parte da própria obra. Do ponto de vista dos formalistas, o autor cria a obra, e a obra cria o seu autor. O formalismo caracteriza-se na sua essência por desvalorizar o emissor/autor, centrando-se na análise da obra literária em si, olhando-a como uma convenção e não como imagem de uma vivência, ou como algo que mantém uma relação entre a realidade e a ficção poética. É neste contexto que Mukarovsky diz: “se a obra inacabada como esquisso, se apresenta como dependente ainda do seu criador, a obra acabada, pelo contrário, é uma propriedade comum, privada de um vínculo directo com o autor”. Verifica-se deste modo a desvalorização do autor pelos formalistas, uma vez que consideram a obra acabada como uma propriedade comum, sem nenhum vínculo com o autor. O formalismo exclui o autor, uma vez que o considera irrelevante para a interpretação da obra, centrando-se somente nos elementos textuais.

A supressão do emissor/autor na poética contemporânea
A poética contemporânea, continua sendo influenciada em grande medida pelos princípios formalistas de transcendência do texto literário em relação ao autor. E a eliminação radical do emissor/autor, representa uma manifestação específica de um processo filosófico e ideológico mais amplo e profundo que atingiu o seu ponto máximo na década de sessenta do século XX.
Do ponto de vista filosófico, a supressão do autor é motivada pelo facto de o homem não dispor da linguagem, e é a linguagem que dispõe do homem. Uma vez que o significado de um texto ultrapassa o seu autor.
A supressão do emissor/ autor na poética contemporânea pode ser justificada pelo facto de se considerar o autor como um ser variável, uma vez que, dispondo do material literário, ele vai destruindo e construindo novos textos, estabelecendo sempre um diálogo com outros textos, imitando-os, renovando-os, etc.
A supressão do emissor/autor, pode de certa forma ser devida pelo facto de tentar dotar a obra de certos aspectos atemporais, bem como motivado por factores socioeconómico, bem como histórico




Bibliografia
Aguiar e Silva. V.M. (1984). Teoria da Literatura, 6ª edição. Coimbra. Livraria Almedina.
      pp. 193-253